Em Mateus 7, Jesus nos ensina sobre como podemos reconhecer os falsos profetas:
A árvore boa não pode produzir frutos maus, e a árvore má não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e jogada no fogo. Assim, pois, pelos seus frutos vocês os conhecerão (Mateus 7:18-20 – NAA).
Sua direção é simples: “pelos frutos” nós conhecemos quem é profeta verdadeiro, que fala da boca de Deus, e quem é falso profeta. Mas que fruto é esse?
No dia a dia dos nossos ministérios, especialmente nas equipes de arte (dança, teatro, música…), nós costumamos dizer que é mais importante o agir de Deus na nossa ministração do que receber elogios depois dela.
Como artistas, gostamos de receber elogios pelo que fazemos:
– Que linda coreografia!
– Adorei o figurino.
Como ministros, valorizamos os testemunhos:
– Senti Deus agindo enquanto você ministrava!
– Deus falou ao meu coração com suas palavras.
Ambos são bons e não há erro em nenhuma das partes. Porém, no universo cristão, os testemunhos são muito apreciados. Eles são vistos como sendo os frutos verdadeiros do agir de Deus através de nós, do nosso ministério.
A questão é: o quanto esses frutos servem para avaliar a árvore?
Se ao dançar eu recebo testemunhos, o quanto isso significa sobre mim? O quanto esses testemunhos servem para avaliar como está a minha vida como cristão, ou se eu estou ou não em alinhamento com o Pai?! Por exemplo, um testemunho de cura através da minha arte é sinal de que eu sou um verdadeiro profeta de Deus?

Nessa época, o povo de Deus já havia sido liberto do Egito, recebeu a Lei de Deus no Monte Sinai, havia construído o Tabernáculo, Deus habitava no meio deles e habitavam na terra prometida de Canaã. Moisés e Josué já haviam morrido, então Deus levantou juízes para guiar o povo (Juízes 2:16-19).
Sansão foi o último dos juízes (Juízes 13 a 16). Ele foi escolhido desde o ventre da sua mãe para servir a Deus como nazireu, uma pessoa separada e consagrada ao Senhor:
Porque eis que você ficará grávida e dará à luz um filho sobre cuja cabeça não passará navalha. O menino será nazireu consagrado a Deus desde o ventre de sua mãe, e ele começará a livrar Israel do poder dos filisteus (Juízes 13:5 – NAA)
Sansão fez coisas extraordinárias e foi usado de modo assombroso pelo Espírito. A Bíblia relata claramente que o Espírito de Deus vinha sobre Sansão e ele ganhava força extraordinária, inclusive para matar um leão (Juízes 14:6) ou para lutar contra os filisteus (15:14):
Então o Espírito do Senhor de tal maneira se apossou de Sansão, que ele desceu até Asquelom, matou trinta homens daquela cidade, pegou as roupas deles e as deu aos que decifraram o enigma. Porém Sansão ficou irado e voltou para a casa do seu pai (Juízes 14:19).
Quando Sansão chegou a Leí, os filisteus foram gritando ao encontro dele. Mas o Espírito do Senhor de tal maneira se apossou de Sansão, que as cordas que ele tinha nos braços se tornaram como fios de linho queimados, e as amarras que ele tinha nas mãos se soltaram (Juízes 15:14 – NAA).
Porém, Sansão descumpriu todas as restrições que deveriam ser cumpridas por um nazireu:
– Tocou em coisas mortas (mais de uma vez);
– Comeu alimento de dentro de animais mortos;
– Provavelmente tomou vinho (qual seria o motivo de ir aos vinhedos?);
– Tomou para si uma mulher dos filisteus;
– E, finalmente, cortou o cabelo;
Ainda assim, Sansão foi uma pessoa escolhida e usada por Deus. Por que Deus o usou? Não foi porque ele mereceu, mas porque Deus desejava. A Bíblia nos diz o motivo: Deus buscava oportunidade contra os filisteus
Mas o seu pai e a sua mãe não sabiam que isto vinha do Senhor, pois este procurava ocasião contra os filisteus. Porque naquele tempo os filisteus dominavam sobre Israel (Juízes 14:4 – NAA).
O povo de Israel havia sido negligente quanto a uma ordem que receberam sobre terra prometida: expulsar todos os povos pagãos dela (Deuteronômio 7:21-24). Israel não cumpriu essa ordem, então Deus levantou pessoas para cumprir o que o povo deveria ter feito. Sansão foi escolhido por Deus para começar essa expulsão (Juízes 13:5), que só foi concluída em Davi.
Portanto, Sansão ter recebido do Espírito de Deus, ter manifestado a Ele e ter agido em nome de Deus não são frutos que falam sobre Sansão. Alguém poderia dizer que Sansão é um homem cheio de Deus e isso é verdade, pois o Espírito agia nele. Alguém poderia dizer que Sansão é um líder do povo de Deus e isso é verdade, pois foi o último juiz de Israel, chamado para libertar o povo. Mas alguém poderia dizer que Sansão é um cristão verdadeiro?
O último juiz de Israel não dava honra a Deus, ele não agia para agradar ao Senhor, ele não cumpriu os votos de sua consagração como nazireu e não buscava ao Pai. Nem mesmo nas vezes que lutou contra os filisteus, o fez por ordem de Deus. Sansão foi contra os filisteus por vingança. Quando clamou a Deus, foi para reclamar (Juízes 15:18) ou para pedir forças e se vingar (Juízes 16:28). Em nenhum momento ele declarou ou agiu como se desejasse honrar o nome do Deus vivo, o Deus de Israel.
Assim, a Bíblia nos mostra que um ministério frutífero não é sinal de que nós somos boas árvores. Em outras palavras, o dom de Deus, Sua capacitação sobrenatural e o Seu mover em nós não são sinais de um arrependimento verdadeiro.
Em Mateus 7, logo após dizer que pelos frutos conhecemos a árvore, Jesus nos diz que no dia do Julgamento Final:
Muitos, naquele dia, vão me dizer: “Senhor, Senhor, nós não profetizamos em Seu nome? E em Seu nome não expulsamos demônios? E em Seu nome não fizemos muitos milagres?” Então lhes direi claramente: “Eu nunca conheci vocês. Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal” (Mateus 7:22,23 – NAA).
As boas obras até são frutos de arrependimento verdadeiro (Lucas 3:8-14), de uma pessoa que é verdadeiramente cristã. Porém, as boas obras só são válidas quando elas mesmas vem de um coração transformado, um coração que aceitou a Jesus. Em outras palavras, primeiro vem a mudança do coração, o novo nascimento em Jesus. Como consequência deste novo nascimento, passamos a cumprir a Lei de Deus, que é amar a Deus e ao próximo (Lucas 10:25-28). As boas obras são uma consequência direta deste amor.

Pelo fruto do Espírito (Gálatas 5:22-25). O principal fruto para se conhecer uma árvore, a principal forma de medirmos se nosso ministério é um ministério frutífero em Deus é avaliarmos se temos o fruto do Espírito, se o nosso caráter é parecido com o de Jesus.
Davi foi um homem segundo o coração de Deus. Ele foi o grande rei de Israel. Ele foi o grande conquistador, que expulsou os filisteus, que trouxe a Arca da Aliança de volta a Jerusalém, porém, Davi foi conhecido como “homem segundo o coração de Deus” (I Samuel 13:14), e esse foi o seu principal fruto!
E, tendo tirado Saul, levantou-lhes o rei Davi, do qual também, dando testemunho, disse: “Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade” (Atos 13:22 – NAA).
Este deve ser o nosso fruto: um caráter aprovado, que manifesta o caráter de Cristo. O mover do Espírito, as conversões, as curas e todas as demais manifestações do Espírito Santo, assim como, qualquer outro acontecimento de valor, serão consequências de quem somos em Deus.